A Fifa pode não dar lá muita bola ao Morumbi. Mas quem entra em campo aprova. Preterido da Copa do Mundo de 2014 pela entidade, o estádio foi eleito o melhor para se atuar pelos jogadores das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, com 94 votos, em pesquisa feita pelo GLOBOESPORTE.COM em parceria com a revista "Monet".
O vice-campeão foi o Beira-Rio, que permanece aberto apesar das obras para a Copa do Mundo e teve sua capacidade reduzida nesse período. O estádio do Internacional foi escolhido por 58 jogadores.
O São Paulo, que trata os assuntos de sua casa como questões de honra desde que Fifa e CBF excluíram seu estádio do Mundial, vibrou com a notícia. Mas sabe que não será fácil manter o posto nos próximos anos. O fato de palcos como Maracanã, Mineirão e Arena da Baixada estarem fechados, em obras para a Copa-2014, facilitou a disputa, que também não conta ainda com arenas em construção, casos das de Corinthians (sede paulista do torneio em 2014), Palmeiras e Grêmio.
Por isso, a cobertura do Morumbi é o grande trunfo para colocá-lo em condições de rivalizar com estádios mais modernos. No último mês, a Andrade Gutierrez, construtora responsável pelas obras, já fez as 12 marcações no solo, onde ficarão os suportes da estrutura. São pequenos sinais em vermelho, todos dentro da propriedade do São Paulo, mas de grande significado para os dirigentes, que sonham com a inauguração, ainda sem prazo estipulado.
- O São Paulo acha muito positivo que haja mais estádios modernos, confortáveis e seguros. Na nossa filosofia, o Morumbi tem de se modernizar a cada dia e vamos trabalhar para merecer essa votação em outros anos - afirmou o assessor da presidência e um dos principais responsáveis pelas reformas, José Francisco Manssur.
A cobertura causará, como consequências naturais, outras melhorias ao Morumbi. A iluminação é um exemplo. Hoje o estádio tem duas torres horizontais, sobre as arquibancadas, que serão destruídas com a mudança. Seus suportes, entretanto, vão permanecer como parte do apoio da cobertura. O sistema de luz vai percorrer toda a circunferência do Morumbi. A meta é melhorar a visão de torcida e atletas em jogos à noite. Já a capacidade de 68 mil torcedores não vai ser alterada.
Para Manssur, a eleição por jogadores de outros times se deve à privacidade oferecida aos visitantes. No saguão, quando o ônibus da delegação estaciona, três passos separam o último degrau do veículo à porta que dá caminho ao vestiário. Não é preciso cruzar com torcedores, dirigentes ou jogadores do São Paulo.
É um reconhecimento das pessoas mais autorizadas, os jogadores, e não um sujeito de terno e gravata na Suíça que nunca passou perto do Morumbi."
José F. Manssur, assessor da presidência
O vestiário do time adversário também tem exatamente o mesmo tamanho que o do Tricolor, embora fique distante da caprichada decoração dos donos da casa, e o gramado é alvo frequente de elogios. Há exceções quando ele é castigado pelos shows musicais que o Morumbi costuma abrigar. A diretoria diz que hoje há palcos montados para preservar o bom estado do campo.
- Desde sua construção, o Morumbi foi pensado para dar condições iguais, e que o São Paulo vença no campo. Nunca quisemos dificultar o trabalho do adversário. Temos de vencer no grito da nossa torcida e na atuação dos nossos jogadores - afirmou Manssur.
Não são apenas os jogadores que assumem a admiração pelo palco. Após o tricampeonato paulista do Santos, conquistado no Morumbi, Muricy Ramalho se derreteu. Disse que se trata de um estádio “espetacular” e deveria receber a Copa do Mundo. O técnico admitiu ser suspeito, já que começou a carreira no São Paulo, onde depois, como técnico, conquistou o tricampeonato brasileiro, e até hoje mora numa região próxima ao local.
O clube espera os últimos alvarás para iniciar a obra, e tem a expectativa de fazê-lo em junho. Um aspecto importante que ainda precisa ser resolvido é a definição da empresa que vai administrar a arena de 25 mil lugares, viabilizada com a cobertura atrás do gol do portão principal. Há três concorrentes: Santarena, XYZ e Time For Fun.
As estruturas destinadas aos visitantes não sofrerão grandes mudanças. Mas o assessor são-paulino espera que o Morumbi se mantenha no topo da preferência dos atletas, e não perde a oportunidade de alfinetar o secretário-geral da Fifa, Jèrôme Valcke, maior algoz da casa.
- É um reconhecimento das pessoas mais autorizadas a fazerem qualquer análise técnica, que são os jogadores, e não um sujeito de terno e gravata na Suíça que nunca passou perto do Morumbi.
Casas paulistas e gaúchas são as preferidas
Além da vitória com larga vantagem do Morumbi sobre o Beira-Rio, outros dois estádios paulistas foram citados no top-5: Arena Barueri, mais votada por atletas da Série B, onde está o Grêmio Barueri, e Pacaembu. Já o Olímpico, que deverá ser utilizado pela última vez num Brasileiro, já que a nova Arena do Grêmio tem prazo de entrega até o fim do ano, ocupou a quinta colocação.
A pesquisa também revelou a dificuldade em aceitar o Engenhão como palco do futebol carioca. Mesmo fechado desde setembro de 2010, o Maracanã recebeu quase o mesmo número de votos: cinco contra oito do estádio olímpico.
Foram 16 estádios mencionados no total. Alguns, nitidamente, por paixão dos jogadores de seus clubes. Caso do Dario Rodrigues Leite, de Guaratinguetá, com duas citações. Mesmo número do Independência, reinaugurado recentemente, e que será a casa de Atlético-MG e Cruzeiro no Campeonato Brasileiro. A Arena da Baixada também mostrou sua força. Fechada para obras, ficou na sexta posição, com 12 indicações.
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